FY VISITA: LIDIA LISBÔA

FY VISITA: LIDIA LISBÔA

2022-10-31

Nascida em Guaíra, no Paraná, Lidia Lisbôa é artista. Vive e trabalha em São Paulo. Sua prática artística tem como eixo a autobiografia e os atravessamentos cotidianos que, atualmente, são articulados principalmente por meio do desenho, escultura, crochê e performance.

Fernanda Yamamoto: Conte-nos quando se descobriu artista?

Lidia Lisbôa: Desde pequena, sempre tive interesse por moda. Aprendi a fazer crochê e tricô somente de observar minhas tias, que viviam entre linhas e agulhas.

Quando cheguei a São Paulo, com 16 anos, trabalhei inicialmente como doméstica, no ateliê de um costureiro. Aos poucos, fui me envolvendo com a rotina do ateliê, com as roupas propriamente ditas, ajudando as costureiras.

Algumas pessoas que passaram por lá me disseram que eu tinha vocação para artista, o que me motivou a dar os primeiros passos nessa minha jornada.

Fui então fazer teatro, figurino, capas de caderno artesanais para vender... Conheci o artista plástico Ademir Martins que praticamente se tornou me tutor. Me disse: “Você vai ser herdeira de todo o meu saber”. Fiquei dois anos com ele, uma verdadeira imersão artística.  Foi ele também que tornou possível meu desejo de estudar no MASP, pois me indicou para Luís Osaka, curador do museu na época, hoje falecido.

Fernanda Yamamoto: Como se deu de fato seu trabalho com tecidos?

Lidia Lisbôa: Ganhei de um amigo uma quantidade enorme de sobras de tecidos. Comecei então a rasgar, cortar, fazer novelos e crochetar. Daí foi um passo para juntar fios, cordões, dando origem às minhas obras. Trabalho com diversos materiais e técnicas: tecido, barro, pintura, desenho, escultura. 

Coloco minha alma em tudo. Eu tenho essa coisa da Yayoi Kusama, dessa obsessão. E eu também acho que tenho a loucura do Artur Bispo do Rosário. A gente tem muito em comum essa loucura, acho que é o que me salva.

 

“Eu tenho essa coisa

da Yayoi Kusama,

dessa obsessão.

 

Fernanda Yamamoto: Como conheceu a marca?

Lidia Lisbôa: Sempre admirei o trabalho da Fernanda. Passava em frente a loja e tinha o sonho de comprar uma peça.

Fui então surpreendida com o convite de Adriano Pedrosa, curador do MASP, para participar da 3ª temporada do projeto que une artistas e estilistas em conjunto com a Fernanda Yamamoto. Na minha opinião, foi uma decisão muito assertiva. Falei para ele: “vamos fazer 3 looks, não somente 1”. O processo de criação com Fernanda e equipe foi extremamente rico.

As roupas da Fernanda são como um quadro. As peças têm um desenho, uma construção elaborada, uma barra que de repente forma um balão, um vestido que parece uma borboleta. O processo de criação é orgânico, cheio de detalhes, com muita riqueza, me identifico muito. A roupa literalmente te abraça.

 

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