Moda sem resíduos

Moda sem resíduos

2021-08-02

A criação de moda sem resíduos têxteis é um desafio que motiva a nossa equipe desde 2018, quando desfilamos no SPFW a coleção inspirada na Comunidade Yuba. Utilizando apenas 5 bases de tecido branco tingidos manualmente, os vestidos foram arrematados com detalhes de seus próprios retalhos - que foram plissados, recortados e tricotados para serem aplicados nas peças.

A partir dali, iniciamos uma pesquisa de modelagens “Zero Waste”, ou seja,  que não geram desperdício em seu corte, graças aos desenhos que partem de formas geométricas, e desenvolvemos as peças desta linha com tecidos em estoque, que passaram a ser catalogados para o seu reaproveitamento total. Nesse processo, enxergamos um potencial para a criação dos kits SOMAMOS: diante do contexto de total isolamento social no início de 2020, esses kits “faça você mesmo” foram uma das maneiras que encontramos de compartilhar o nosso conhecimento, permitindo às nossas clientes costurar suas próprias peças e nos mantendo próximos a elas. 

Mais recente resultado dessa nossa pesquisa, agora lançamos a linha “Ourelas’: as bordas de proteção dos rolos de tecido, que geralmente acabam sendo descartadas na produção, passaram a protagonizar as peças dessa coleção. A técnica de junção manual das tiras de ourelas, desenvolvida inicialmente pela nossa parceira Augustina Comas, foi aprofundada pelo nosso estilista Salmir Alves: “Unimos num processo manual e bastante minucioso os resíduos de vários tecidos para formar um novo produto e priorizamos uma modelagem geometrizada para garantir a sua máxima otimização. Não é um processo simples, pois os retalhos têm diferentes cores, texturas, caimentos, e em quantidades limitadas; ou seja, o desafio é explorar as possibilidades de design da peça só a partir da conjugação de todas essas variantes.”.

Foi na nossa exposição no SENAC Santo Amaro, em 2020, é que Salmir, ainda estudante, se deparou pela primeira vez com o nosso look de ourelas desfilado no SPFW. Logo depois venceu o concurso Design & Vision, que desafiava o aluno a criar uma coleção com resíduos têxteis. Os seis looks apresentados por ele foram feitos com ourelas e entremeados por cordões que, quando puxados, formavam um volume. Essa conquista tornou mais evidente o caminho de Salmir na criação de uma moda sustentável e responsável. 

Salmir atribui a vocação para moda à sua origem pernambucana, região que tem o artesanato culturalmente enraizado. Apesar de ninguém na família ter ligação com a área, o jovem estilista resgata de suas memórias os momentos de plantio e colheita com o seu avô agricultor, ou às idas à costureira com a sua avó, onde se encantava com o tecido se transformando num lindo vestido. Ou seja, o trabalho manual é uma arte que o encanta desde sempre. Mas foi com o Carnaval regional, o Maracatu, os desfiles de grandes escolas de samba é que Salmir passou a vislumbrar a moda como uma real possibilidade de narrativa visual.

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